segunda-feira, 28 de maio de 2007

A Órbita da Alma...



"As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um Homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?"


Oscar Wilde, in De Profundis

terça-feira, 22 de maio de 2007

A celebração do Niilismo



A existência humana é, sem dúvida, uma das esferas do Universo que comporta em si uma elevada ambiguidade. Tal facto, pressupõe que nós, simples mortais, andemos constantemente desalinhados com o Universo. Num dia acordamos cheios de vontade para mudar o Mundo e de lutarmos pela nossa realização pessoal. No dia seguinte, sentimo-nos seres inferiores, infelizes, injustiçados...sem energia para dar ao Mundo, com a Porta da Alma fechada e em que o "Nada" invade a nossa capacidade de agir, convergindo o nosso pensamento para o vazio...estes dias deviam ser considerados feriados: "Os Feriados do Niilismo"! Que tal vos parece? Sim, já que nesses dias cinzentos, tudo é negativo, que tal sairmos para a rua comemorar o "Nada"?! Penso que seria uma boa solução para não nos afogarmos em tristezas e sempre fazíamos circular alguma energia positiva, pois o Universo precisa dessa energia.
Portanto, aqui fica a sugestão: sempre que sintam energia negativa ou uma espécie de estagnação energética, a qual convergirá para o "Nada", saiam dos vossos casulos, juntem-se a outros seres ou dirigam-se a elementos naturais, e CELEBREM O NADA! Pois se pensarmos um pouco, o "Nada", por vezes, pode conduzir a muitos lugares e pode tornar-se num "Tudo"...


LiliFlor

quarta-feira, 9 de maio de 2007



"O amor é um rio onde as águas de dois ribeiros se misturam sem se confundir."


Jacques Bossuet

terça-feira, 8 de maio de 2007

Vontades


Quem sou eu para querer?
Quem sou eu para desejar?

Quem sou eu para insistir?

Sou aquela que quer lutar...

Sou aquela que sonha...
Sou aquela que quer viver...

Sou a persistência da vontade
que perdura até adormecer.


Quero o triunfo, depois da derrota.
Quero sorrir, depois de chorar.
Quero sentir o sabor da Vida!
Quero sentir a brisa fresca da manhã,
depois de flutuar na escuridão da noite.
Quero encontrar-te, depois de me perder...




LiliFlor

quinta-feira, 3 de maio de 2007

"Deus escreve direito"




















"Deus escreve direito por linhas tortas
E a vida não vive em linha recta
Em cada célula do homem estão inscritas
A cor dos olhos e a argúcia do olhar
O desenho dos ossos e o contorno da boca
Por isso te olhas ao espelho:
E no espelho te buscas para te reconhecer
Porém em cada célula desde o início
Foi inscrito o signo veemente da tua liberdade
Pois foste criado e tens de ser real
Por isso não percas nunca teu fervor mais austero
Tua exigência de ti e por entre
Espelhos deformantes e desastres e desvios
Nem um momento só podes perder
A linha musical do encantamento
Que é teu sol, tua luz, teu alimento."

Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Búzio de Cós

terça-feira, 1 de maio de 2007

"A desgraça do sonhador"


"E vocês sabem o que é um sonhador, cavalheiros? É um pecado personificado, uma tragédia misteriosa, escura e selvagem, com todos os seus horrores frenéticos, catástrofes, devaneios e fins infelizes...um sonhador é sempre um tipo difícil de pessoa porque ele é enormemente imprevisível: umas vezes muito alegre, às vezes muito triste, às vezes rude, noutras muito compreensivo e enternecedor , num momento um egoísta e noutro capaz dos mais honoráveis sentimentos...não é uma vida assim uma tragédia? Não é isto um pecado, um horror? Não é uma caricatura? E não somos todos mais ou menos sonhadores?"

Fiodor Dostoievsky,
in Escritos Ocasionais


Como sonhadora, assumo esta "caricatura", mas com muitas reticências, no que concerne à possibilidade de a minha vida ser uma tragédia só porque passo a maior parte do tempo a sonhar...que seria de mim sem os sonhos?! São o meu refúgio, o meu porto de abrigo, um bilhete de ida e volta para um mundo onde sou realmente livre! Nos meus sonhos não há tempo, obrigações, convenções, ilusões...tudo é real...é o meu mundo, uma realidade paralela que sustenta a minha forma de viver "neste" mundo. Portanto, a minha vida não é uma tragédia! Afinal, "pelo sonho é que vamos" (Sebastião da Gama).

Sabbat